A Ilha da Pascoa é considerada como o território habitado mais isolado do mundo, por isso recebeu a caracterização de “umbigo do mundo”. Em novembro de 2009 desembarcamos na ilha debaixo de uma chuva torrencial que nos acompanharia por todo o tempo. Imagina uma ilha paradisíaca sem sol.
Foi assim nosso grande aprendizado na terra vulcânica.

Tudo na ilha emana a força dos vulcões e seus Moais guardiões. Ahu Akivi, com seus 7 Moais voltados para ao mar nos receberam de forma tão intensa que ao fecharmos os olhos tudo ao nosso redor mudou, e toda plataforma parecia pegar fogo, com um tom avermelhado que subia pelas estátuas.
A energia Mana percorreu todo o grupo amplificando nossos sentidos e fazendo nosso centro de gravidade alterar.
Assim foram passando os dias, e o exercício de reflexão do que posso abençoar em minha vida; evidenciou um momento sublime nos relatos:
“Abençoo o amor que trago na minha alma, de poder servir e me prostrar diante da grandeza do Universo.”
“Abençoo a oportunidade de ter a consciência de Ser quem sou, buscando a cada dia a presença Uma como o todo.”
“Abençoo poder ter a experiência corporificada do amor nas relações.”
Assim nossas meditações foram em sintonia com o poder de abençoar, que gera Mana e que transforma tudo ao nosso redor.
Visitamos muitas cavernas, muitas passagens dentro de vulcões e na beira do mar revivemos o isolamento na caverna das virgens, que eram colocadas dentro de uma caverna baixa, com uma única entrada e saída. Lá a virgem ficava aguardando a cerimônia de casamento com o Homem Pássaro, um ritual ancestral onde o homem teria que nadar até a ilha vizinha e voltar vivo. Assim, a virgem o aguardava dentro da caverna por 3 meses, sem ver a luz do sol. Ao entrarmos sentimos toda energia aprisionada dentro desse local sagrado, revivendo o pulsar da terra na solidão da caverna. Muitas pinturas nas paredes nos mostraram que a solidão era um eterna companhia. O respirar de respirar na sintonia do amanhã. Orongo; cidade cerimonial do Homem Pássaro estava encoberta de névoa, chuva fina e muito aprendizado em respeitar a mãe terra, a adversidade de que nada do que planejamos saiu como previsto. Éramos pessoas enlameadas, sujas, sem roupa adequada, nem sapatos.
Olhava para os Moais e pensava: “eles sempre a observar essa ilha e todos que aqui chegam...quanta permanência e sabedoria de estar sempre no agora.”O vento trouxe as mensagens que precisávamos sobre o poder de abençoar, de quais histórias de minha infância carregamos, e o que sei sobre o amor.
Foi muito difícil nos despedirmos dessa ilha tão magica, sua força e vigor ainda percorrem o meu sangue. Aloha.